Maria Botelho Moniz, de 34 anos, foi a convidada de Daniel Oliveira para o ‘Alta Definição’ deste sábado. Na entrevista, Maria fala sobre a dor da perda de alguém que se ama e com quem se tem uma vida sonhada e conta a história dura de como a sua vida se desmoronou com a morte trágica do namorado, há cinco anos.
“As pessoas deixam-te de facto… e que dor que é. É uma dor física. Quando me deram a notícia da morte de ambos [do namorado, em 2014 e do pai, em 2018], eu senti uma dor física. Com a morte do Salvador, eu senti a minha alma a morrer. É de uma violência que não te sei descrever melhor do que isto: a minha alma morreu naquele dia e eu soltei um som – que nunca mais soltei na vida –, é uma coisa que vem daqui de dentro, é o som da tua alma a ser destroçada”, começa por contar emocionada.
Pela primeira vez, relata tudo o que se lembra de ter vivido e sentido naquela fatídica noite: “Eu acordei por volta das cinco da manhã sobressaltada. Eu sabia, sabes? É uma intuição, é qualquer coisa… acordei sobressaltada com uma dor no peito e ele não estava ao meu lado. Era suposto já ter chegado e não tinha chegado. Comecei a ligar para o telefone dele, ninguém atendia, comecei a entrar em pânico, até que finalmente me atendeu um polícia, fez umas perguntas muito estranhas, depois percebeu que eu era a namorada dele (…) e disse-me ‘olhe, ele não está nada bem. Agora não posso falar, já voltamos a falar’. Desligou-me o telefone e eu fiquei com aquela informação ‘ ele não está nada bem, mas não está nada bem onde? O que é que aconteceu?’. Passado um bocado (…) peguei no telefone outra vez, voltou a atender-me o mesmo polícia que me diz ‘espere só aqui um minuto, eu vou passar-lhe aqui ao médico que o socorreu’ e passou-me a um senhor (…) que disse ‘eu fiz tudo o que podia, mas não o consegui salvar’”, conta, acrescentando: “De repente, tu sabes o que é que ouviste, mas não é real”.
No instante a seguir: “Sinto a alma a morrer, solto o tal som e fiquei dormente, completamente dormente. Lembro-me de olhar fixo no chão, balançar, e começar a dizer repetidamente ‘ o que eu vou fazer?’. Parecia que estavam a passar slides daquilo que eu achava que a minha vida ia ser ‘isto já não vai acontecer, isto também não, isto também não… e tu nunca mais o vais ver’. Parei, os meus olhos encheram-se de lágrimas e a frase seguinte foi: ‘Eu quero a minha mãe’. Quando te levam tudo, tu só queres a tua mãe”.
Veja aqui o relato de Maria Botelho Moniz sobre o apoio da mãe durante esta fase da sua vida.
De recordar que Salvador Quintela morreu em março de 2014, num acidente de mota, seis meses antes da data marcada para o casamento com Maria Botelho Moniz.