Foi no início de agosto que Pedro Pichardo se sagrou campeão olímpico do triplo salto por Portugal. A conquista do luso-cubano fez as manchetes dos vários jornais desportivos nacionais e reacendeu a rivalidade com Nelson Évora, que conquistou o ouro olímpico em 2008.
Em entrevista à LUSA, Pedro Pichardo recordou a tensão com Nelson Évora, quando assinou pelo Benfica e se naturalizou português, na sequência da saída do campeão em Pequim2008 para o Sporting, em 2016.
"Acho que o que tinha de ter acontecido era uma passagem de testemunho. No início ele não pensou assim e ficou chateado por alguma coisa. Eu consigo perceber, é triste chegar alguém ao teu país, a bater o recorde que tu tens e a alcançar algumas coisas que já atingiste. Mas eu não posso fazer nada, o nosso desporto é individual e ganha sempre o melhor. Já tens os títulos e se achas que não consegues ser melhor do que eu fica em casa", afirmou.
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O triplista do Benfica naturalizou-se português em 2018 e estabeleceu em 17,95 metros o recorde nacional, superando os 17,74 metros que valeram o título de campeão mundial a Évora, em 2007.
"Se continua a treinar, é para competir e quem saltar mais ganha. Mesmo que eu estivesse em Cuba, Espanha ou na Suécia, eu ia ser campeão olímpico. Não ia mudar muita coisa, íamos ser rivais e eu não tirei o lugar dele. Isto não é futebol, em que só joga um, mas no atletismo tem oportunidade de competir contra mim e ganha o melhor. É diferente a forma como ele pensa e como penso eu", destacou ainda Pichardo.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a rivalidade entre ambos voltou a fazer correr muita tinta na imprensa nacional, devido a uma alegada 'ajuda' de Nelson Évora a um adversário de Portugal na final do triplo salto. Desde então, os dois nunca mais se cruzaram.
"Não tive oportunidade. Depois dos Jogos Olímpicos nunca mais o vi e lá só o vi umas quatro vezes sem ser nas pistas, ao longe. Uma vez vi-o no elevador... acho que só nos cruzamos essas vezes", contou.
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Na mesma entrevista, Pedro Pichardo falou ainda sobre Cuba, o seu país de nascimento, assumindo que não sente saudades. "Os meus pais estão cá, a minha filha nasceu cá. Os meus irmãos e a minha sobrinha é que estão lá. Mas eu saí muito magoado de Cuba, com as entidades desportivas do governo, porque diziam que eu não ia saltar nada. Não ia atingir nenhum sucesso e, então, não me queriam no centro. Primeiro era baixinho, depois cresci e era magro para o triplo salto. Não me queriam lá e comecei a não me sentir bem lá. É como uma pessoa que tem falta de carinho e conhece outra que lhe dá carinho", explicou.