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Joana Figueira: “Desistiram da minha mãe porque era demente e puseram-na na rua”

“Pôr a minha mãe bem custou-me a minha saúde física e mental”, afirmou a atriz, que é cuidadora há dois anos.

Reprodução Instagram, DR

Afastada há 12 anos da televisão, Joana Figueira tornou-se cuidadora da mãe. A atriz esteve à conversa com Júlia Pinheiro no programa ‘Júlia‘, da SIC, e num duro e emotivo relato contou como têm sido os últimos anos.

Antes da pandemia, a mãe de Joana foi diagnosticada com demência e “no início de 2022 entrou no hospital de Évora com uma oclusão intestinal, andava há uns dias a vomitar sangue”. Chegou mesmo a correr risco de vida: Foi operada três vezes. Entre as três intervenções esteve sempre de barriga aberta, o que fez com que tivesse sempre sedada durante os 15 dias que esteve internada, explicou.

Quando finalmente teve alta, Joana apercebeu-se – sem que ninguém lhe tenha dito – que a mãe era dependente para tudo. “Passou a usar fralda, tive de lhe dar comer à boca com a comida sempre toda passada, não se levantava da cama”, recordou.

Quando a minha mãe saiu do hospital a minha mãe deveria ter sido referenciada para uma unidade de cuidados continuados e isso não aconteceu. Tive 22 dias de perfeita loucura dentro de casa. A minha mãe não se mexia e, de repente, vejo-me a mudar fraldas à minha mãe. Era mudar lençóis a toda a hora, a fazer comida, ir para o supermercado, para o médico, para a segurança social. Acho que nem tinha espaço para dormir e comia a correr. Eu deixei de ter vida, contou.

“Eu tinha tanta pressão em cima que eu percebi que se eu me fosse abaixo, tudo aquilo descambava. Não me podia ir abaixo. Eu nem sequer pude viver a tristeza que tinha por ver a minha mãe naquelas condições”, continuou, referindo que disse a um das enfermeiras, que ia lá a casa, que ia “tornar o caso da mãe público”. Eu não tinha ajudas de nada. Pôr a minha mãe bem, porque isto tem um final feliz, custou-me a minha saúde física e mental, afirmou.

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Posteriormente a mãe acabou por dar entrada numa Unidade de Convalescença em Portalegre. Esteve lá um mês e desistiram da minha mãe porque era demente. [Disseram:] ‘a demência da sua mãe não ajuda a recuperação física’ e puseram-na na rua mais uma vez. Tinha perguntado ao neurologista da minha mãe se ele queria mudar a medicação, liguei-lhe a explicar o que tinha acontecido, e ele disse ‘não vamos mudar a medicação porque há doentes que voltam a ficar como estavam porque isto foi um episódio muito traumatizaste para ela, vamos aguardar mais um tempo’. E a diretora da Unidade de Convalescença disse-me ‘eu não quero saber do que o seu médico diz, quem manda aqui sou eu e a sua mãe vai sair ao fim de um mês’. Portanto a minha mãe voltou para casa e eu voltei à loucura de sempre, relembrou.

Veja os vários momentos da entrevista na secção Júlia, em sic.pt.

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