Marta Rangel, ex-participante de Casados à Primeira Vista, da SIC, engravidou "contra todas as probabilidades" depois de "um diagnóstico próximo da infertilidade". Em abril de 2021, nasceu a pequena Caetana.
Recentemente, a antiga jornalista - que optou sempre por manter resguardada a identidade do pai da bebé - fez uma reflexão sobre ser "mãe a solo". "Às vezes, penso que tudo seria mais fácil se fôssemos dois: mãe e pai presentes. Um de nós podia estar a brincar com a Caetana, enquanto o outro fazia o jantar. Um de nós podia dar-lhe banho, enquanto o outro arrumava a cozinha. Podíamos revezar-nos nas saídas com os amigos e nas idas ao ginásio. Talvez conseguisse voltar a dançar. E, com sorte, talvez houvesse avós com saúde e disponíveis para ficar com a neta de vez em quando para o 'casal' (hipotético) ter tempo a dois", escreveu.
"Pelo menos, era assim que eu idealizava uma família antes de ser mãe a solo. Ou melhor, era isto que eu pensava que seria o 'normal'. Mas tendo em conta a quantidade de relatos a que tenho assistido, uns vindos de amigas e conhecidas, outros partilhados na comunidade que criei 'Mães como Nós', começo a achar que é mesmo um ideal. Desde mulheres que se sentem sozinhas ou sobrecarregadas, mesmo tendo um marido ou companheiro ao lado (que não participa por qualquer razão mais ou menos válida) a mulheres que viveram (e muitas ainda vivem) um verdadeiro inferno com traições, maus tratos, chantagens, litígios em tribunal e um rol de problemas de todo o tipo, passando por outras que até têm custódia partilhada (em teoria) mas continuam a arcar sozinhas com toda (ou quase toda) a responsabilidade", acrescentou.
E rematou: "Às vezes, serve-me de consolo pensar 'pelo menos não tenho chatices'. Mas não deveria satisfazer-me com tão pouco. Ninguém devia. Não sei o que falha: se é o conceito de família, a sociedade, a justiça… ou um pouco de tudo. Mas sei de uma coisa: não pode ficar tudo nos ombros das mulheres. E não falo a título pessoal. Não é mimimi nem queixume. É economia. Se as mulheres continuarem a ser sacrificadas e sobrecarregadas vão deixar de ter filhos. Sem bebés a nascer em Portugal não vão existir adultos para trabalhar. Sem estes adultos ativos não há descontos para a segurança social nem ninguém a pagar impostos. E como se pagam as reformas? A escola publica? O serviço nacional de saúde? As policias? Os tribunais? Apoiar as mães não é um luxo. É um imperativo nacional."